A Justiça Federal lançou no dia 19 de novembro de 2025 o projeto Valongo: Justiça pela Memória do Cais, uma iniciativa para dar visibilidade e disponibilizar ao público materiais sobre o Cais do Valongo, localizado na zona portuária do Rio de Janeiro. O local foi o maior porto escravagista do mundo, onde desembarcaram mais de 900 mil pessoas escravizadas. Hoje, o cais é reconhecido por lei como patrimônio histórico-cultural afro-brasileiro essencial à formação da identidade nacional.
Fazem parte da iniciativa o livro e a galeria digital Valongo: Justiça pela Memória do Cais, que podem ser acessados no site do projeto.
O livro traz a história do Cais do Valongo, desde a construção em 1811, até ser redescoberto em 2011, durante as obras do Porto Maravilha e o reconhecimento como Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 2017.
O livro reúne pesquisa histórica, documentação arqueológica, análise cultural e reflexões sobre justiça, memória e reparação histórica. Ele pode ser baixado na íntegra no site.
Entre 2011 e 2012, escavações arqueológicas revelaram milhares de objetos ocultos no sítio arqueológico: amuletos, búzios, anéis, moedas, cachimbos e artefatos pessoais que testemunham resistência e estratégias de sobrevivência.
A galeria é composta por aquarelas feitas pela servidora Maria Clara Teixeira de Assis da Assessoria de Comunicação Social do Conselho da Justiça Federal (Ascom/CJF), que junto com textos históricos convidam o público a refletir sobre o passado escravocrata e o compromisso contemporâneo com a reparação histórica.
O portal também disponibiliza o podcast do projeto, hospedado no próprio site e no Spotify. Em três episódios, especialistas tratam de escravidão, justiça racial, memória e do papel da Justiça Federal no processo de reparação histórica. O podcast integra o conjunto de materiais do portal e funciona como mais uma porta de entrada para compreender a complexidade e a importância do Valongo.
Os números do Portal dimensionam a importância histórica do Cais do Valongo, maior porto de chegada de africanas (os) escravizadas (os) das Américas: a plataforma já alcança nove países e supera 3 mil interações desde o lançamento. O Valongo é prova material de “900 mil vidas arrancadas de sua terra. 20 anos de desembarques forçados. 100 anos de silêncio imposto.” Um passado triste e sombrio, que impulsiona a busca por conhecimento, dignidade e reparação.
O projeto conta ainda com uma exposição que está aberta ao público desde 20 de novembro até 19 de dezembro, na Galeria Cela do Centro Cultural Justiça Federal (CCJF), no centro do Rio de Janeiro. A visitação é gratuita, de terça a domingo, das 11h às 19h. Leia a matéria completa. Fonte: Conselho da Justiça Federal, Agência Brasil e Superior Tribunal de Justiça.
O Cais do Valongo é considerado símbolo de dor, resistência e memória, além de ser um marco de consciência coletiva.
Fonte: Conselho da Justiça Federal, Agência Brasil e Superior Tribunal de Justiça.




