Boletim Mensal do Instituto Búzios – Mídia Negra e Feminista

 

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ANO XX – EDIÇÃO Nº247 – OUTUBRO 2025

História dos movimentos sociais no Brasil: dos quilombos ao século XXI

[Coalizão Negra Por Direitos na Manifestação Sem Anistia e Contra a PEC da Blindagem, Av. Paulista-SP 21.09.2025 – Foto: Mídia Ninja]

Por Iago Filgueiras – Quando pensamos nos direitos que temos e exercemos atualmente, pode parecer que eles sempre estiveram nas nossas mãos. O 13º salário, as férias remuneradas e até a vacina que tomamos de graça no posto de saúde.. Nada disso foi um presente concedido de bom grado por quem estava no poder — foi um direito conquistado. E foram os movimentos sociais do Brasil que ajudaram nesse papel. É preciso ter em mente que esses movimentos não surgiram do nada, nem de boas intenções. Mas afinal, o que são movimentos sociais? Como lembra a professora e pesquisadora Maria da Glória Gohn, referência no campo dos movimentos sociais, eles são ações coletivas de caráter sociopolítico e cultural, capazes de criar identidades, gerar saberes e propor novos rumos para a sociedade. Nascem do choque entre estruturas estabelecidas e a luta de grupos que compartilham uma identidade e exigem mudança. No século passado, a imagem clássica dos ativistas de movimentos sociais era a do operário em greve ou do sem-terra ocupando um latifúndio. Hoje, a atuação se dá também nas redes sociais, nos tribunais e dentro dos próprios gabinetes do governo. Esses movimentos não apenas reivindicam, mas educam, formam cidadãos e influenciam a cultura política. Por isso, entender a trajetória dos movimentos sociais do Brasil é entender a própria disputa de poderes no país, como esse modelo de organização se reinventou ao longo da história e, sobretudo, como nossa atuação coletiva pode moldar o futuro da democracia. Leia a matéria completa. Fonte: Instituto Conhecimento Liberta.

O renascimento do mulato: como se constrói (e se disputa) o que é ser pardo no Brasil

Por Samuel Vicente Dias de Freitas – O debate sobre a “parditude” vem ganhando espaço nas redes e na academia, mas se apoia em análises frágeis e generalizações de experiências individuais como se fossem fenômenos sociais. Estudos recentes confundem tribunais virtuais com bancas de heteroidentificação, reduzem o movimento negro a caricaturas e ignoram dados históricos que uniram pretos e pardos na luta contra desigualdades. Ao propor a separação, alimentam discursos da extrema direita e enfraquecem conquistas como as cotas. Entre essencialismos negros, importações acríticas do colorismo e projetos neoliberais disfarçados de emancipação, emerge a necessidade urgente de autocrítica para não transformar o debate racial em uma arma do racismo, da extrema-direita e do fascismo branco. O debate sobre “parditude” tem se expandido das redes sociais para o campo acadêmico, mas com problemas de análise. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Diálogos do Sul / Opera Mundi.

“Gratificação faroeste”: Polícia ou bando armado?

Jacqueline Muniz em entrevista a Juliana Passos – No RJ, extrema direita tenta reviver prêmio a policiais por cada corpo abatido. Derrubada por pressão civil, medida reduziu a resolução de crimes e estimulou a violência. A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou no dia 23/09/2025 uma gratificação para policiais civis de 10 a 150% para apreensão de armas e neutralização de inimigos proposta pelos deputados Alan Lopes (PL), Marcelo Dino (União) e Alexandre Knoploch (PL). A gratificação é uma emenda feita ao projeto de Projeto de Lei 6.027/25 enviado pelo governador Cláudio Castro (PL) para reestruturação da Polícia Civil. A medida está sendo amplamente questionada e o Brasil de Fato convidou a antropóloga, cientista política e gestora de segurança pública Jacqueline Muniz para detalhar os impactos dessa proposta que vai à sanção do governador. Para Muniz, essa gratificação funciona como uma licença para matar e impedir o trabalho de investigação policial. Leia a entrevista na íntegra. Fonte: Brasil de Fato.

Quando a esquerda é também antissistema

Por Antonio Martins – Multidões respondem à arrogância do Congresso, colocam ultradireita e Centrão na defensiva e mostram ao governo o caminho esquecido da pressão popular. Como transformar energia em mobilização por outro país – e faxina no Legislativo? Após centenas de milhares de pessoas se mobilizarem nas ruas das principais cidades do país, contra a anistia aos golpistas de 2023 e denunciar a PEC da bandidagem, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou na quarta-feira (24) a PEC que previa a blindagem de parlamentares na Justiça. A decisão unânime enterra, regimentalmente, a proposta. É uma vitória da pressão popular, mostrando que a mobilização histórica do último domingo foi essencial para frear medidas que protegem privilégios em detrimento da sociedade. Os significados da virada iniciada em 21/09/2025 — e os recados emitidos pelas ruas — são, no entanto, mais vastos. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Outras Palavras.

Produção de conhecimento nas favelas: ferramenta de identidade coletiva e luta política

Desde a origem das favelas no Rio de Janeiro, moradores e moradoras desses territórios lutam para garantir acesso a serviços básicos e direitos fundamentais. Ao longo de mais de um século, a resistência e a organização política coletiva possibilitaram conquistas importantes – da regularização fundiária ao acesso a serviços como água, energia, esgoto à luta contra o genocídio operado pelas políticas públicas de segurança. Nas últimas décadas, vimos uma diversificação das formas de resistência e novas maneiras de fazer política nos territórios. Em especial, cresceu o papel da produção de conhecimento e memória como ferramentas centrais na organização das favelas da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Leia a matéria completa. Fonte: The Conversation Brasil.

Assata Shakur: um símbolo de resistência vitoriosa

Por John Parker – Assata Shakur, uma revolucionária negra que inspirou gerações de ativistas a lutar por um mundo melhor, faleceu na última quinta-feira (25) em Havana, Cuba, onde vivia exilada há mais de quatro décadas. Integrante dos Panteras Negras e do Exército de Libertação Negra — constantemente ameaçados pela polícia – ela segue representando um chamado à resistência: contra o racismo, o imperialismo e todas as formas de opressão. Assata tem sido, e continua sendo, uma inspiração em nossa luta contra o genocídio — de Los Angeles a Chicago, de Gaza à Palestina. Em sua autobiografia, publicada em 1988, ela nos ensina a necessidade da autodefesa e da autodeterminação. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Revista Opera / Struggle-La Lucha.

Dossiê Sahel: Radiografia da África insubmissa

Em setembro de 2023, na sequência de golpes liderados por setores progressistas das forças armadas, os chefes de Estado do Burkina Faso, do Mali e do Níger reuniram-se em Bamako (Mali) para assinar a Carta de Liptako-Gourma que estabelece a Aliança dos Estados do Sahel (AES). A iniciativa de formação da AES foi uma resposta direta à ameaça de intervenção militar no Níger pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), após o golpe militar. A Cedeao, ao lado da União Africana (UA), também impôs sanções e suspendeu a filiação dos três Estados-membros da AES após seus respectivos golpes: Mali em agosto de 2020, Burkina Faso em janeiro de 2022 e Níger em julho de 2023. Após os levantes militares com apoio popular, Burkina Faso, Mali e Níger tateiam um caminho soberano, que desafia o Ocidente. O que propõem? Como superar a dependência histórica, instabilidades regionais e novas formas de imperialismo? Leia o Dossiê na íntegra. Fonte: Instituto Tricontinental.

Larry Ellison e o fascismo digital do Vale do Silício

Por Reynaldo Aragon – Larry Ellison, MAGA e o sionismo articulam um projeto global de controle informacional que ameaça a democracia e reorganiza o fascismo no século XXI. Por trás da retórica da inovação e da liberdade digital, ergue-se uma arquitetura de vigilância e dominação: bilionários do Vale do Silício, aliados ao trumpismo e à máquina de guerra israelense, constroem os pilares de um fascismo digital capaz de controlar dados, plataformas e comportamentos em escala planetária. Nesse cenário, Larry Ellison emerge como um dos grandes curingas. Fundador da Oracle e hoje uma das figuras mais poderosas do mundo da tecnologia, suas declarações sobre unificação de dados nacionais, vigilância permanente e auditoria privada de plataformas revelam uma visão política de sociedade. Setembro de 2025 não é apenas mais um marco no calendário: é o momento em que se revela com clareza a arquitetura de poder que vinha sendo lentamente construída no Vale do Silício. O que antes parecia uma corrida tecnológica por inovação e mercado agora se mostra como um projeto de controle total do fluxo informacional. Não se trata mais de qual plataforma domina publicidade digital ou qual empresa terá mais usuários em sua rede social. O que está em disputa é a capacidade de moldar a realidade social, decidir o que pode ou não circular e, sobretudo, transformar dados em instrumento de vigilância e disciplina social. O fascismo do século XXI não precisa de tanques nas ruas: ele se organiza em data centers, contratos de cloud, parcerias estratégicas e arquiteturas algorítmicas capazes de colonizar subjetividades e neutralizar dissonâncias. O que está em marcha é uma engenharia política e social que, se não for contida, pode inaugurar a mais sofisticada forma de dominação já vista: o fascismo digital. Leia o artigo na íntegra. Fonte: Código Aberto.

EXPEDIENTE

MÍDIA NEGRA E FEMINISTA

Boletim Eletrônico Nacional

Periodicidade: Mensal

EDITOR

Valdisio Fernandes

EQUIPE

Allan Oliveira, Ana Santos, Atillas Lopes, Ciro Fernandes, Davino Nascimento, Denilson Oliveira, Enoque Matos, Flávio Passos, Glauber Santos, Guilherme Silva, Graça Terra Nova, Jeane Andrade, Josy Andrade, Josy Azeviche, Leila Xavier, Luan Thambo, Lidia Matos, Lúcia Vasconcelos, Luciene Lacerda, Lucinea Gomes de Jesus, Luiz Fernandes, Marcele do Valle, Marcos Mendes, Mariana Reis, Mônica Lins, Naira Silva, Patricia Jesus, Poliana Silva, Ronaldo Oliveira, Roselir Baptista, Silvanei Oliveira, Tamiris Rizzo.

MÍDIA NEGRA E FEMINISTA – ANO XXI – EDIÇÃO Nº247 – OUTUBRO 2025

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