A carta em que Donald Trump defende Jair Bolsonaro, as gigantes da tecnologia e menciona ações que tramitam no STF – Supremo Tribunal Federal, com intromissão em assuntos tratados pelo Judiciário brasileiro causou espanto entre especialistas em relações internacionais e também no universo político.

 

Na Presidência, Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas às claras, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022, ameaçou não cumprir decisões do STF e estimulou com mentiras e ilações uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral do país. Após a derrota para Lula, Bolsonaro incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro com a depredação das sedes dos três poderes da República. O ex-presidente é réu em uma ação no Supremo por tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo a denúncia, ele chefiou uma organização criminosa que planejou impedir que o presidente eleito, Lula, assumisse o poder.

 

O doutor em Relações Internacionais Hussein Kalout, ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, afirmou que a decisão de Trump é uma interferência na soberania do país:

“A carta do presidente Trump é uma carta coercitiva, intimidatória e que foge totalmente ao padrão de como um presidente americano se comporta diante de um país como o Brasil ou da importância do Brasil no contexto hemisférico. Atacar a Suprema Corte brasileira é atacar a Constituição brasileira. Atacar a Suprema Corte brasileira é atacar a democracia brasileira. Atacar a Suprema Corte brasileira é atacar o povo brasileiro. Então, eu creio que esse precedente é um precedente muito grave, porque é um ataque ao Estado brasileiro, à soberania brasileira, e isso é inadmissível”.

 

O Ministério das Relações Exteriores convocou o chefe da embaixada dos Estados Unidos em Brasília, Gabriel Escobar, para dar explicações sobre as recentes manifestações do governo Donald Trump.

 

O governo do Brasil classifica como “ação política” o anúncio do presidente Donald Trump de cobrar 50% sobre os produtos brasileiros, com início previsto para 1º de agosto, reacendendo tensões diplomáticas e comerciais entre os dois países. Os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil há 15 anos, com US$ 410 bilhões acumulados. É uma retaliação política disfarçada de comércio. Lula, em resposta, foi firme nas redes sociais: “o Brasil é soberano e não aceitará ser tutelado. Responderemos com a lei de reciprocidade econômica”.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que vai adotar a ‘Lei da Reciprocidade Comercial para responder ao novo tarifaço ao país anunciado por Donald Trump. A Lei permite que Brasil aplique sanções contra países que definam barreiras unilaterais aos seus produtos. Entre as sanções previstas estão a suspensão de concessões comerciais e de investimentos, a suspensão de direitos de propriedade intelectual e a aplicação de alíquotas ampliadas de importação.

 

Segundo Paul Krugman, economista norte-americano e vencedor do Nobel de Economia de 2008, o presidente americano foi “megalomaníaco” com a taxação, considerando o tamanho da economia brasileira com mais de 200 milhões de consumidores, e a baixa importância dos EUA na balança comercial doméstica. As exportações para os EUA representam menos de 2% do PIB do Brasil.

 

Especialistas avaliam que o tiro vai sair pela culatra! Quem perde com a “Taxação Bolsonaro” será não só o povo brasileiro, mas o agro e a economia de São Paulo, comandados por conservadores!

 

Coisa de mafiosos

Em contundente editorial publicado nesta quinta-feira, 10, o jornal O Estado de S. Paulo — tradicional veículo de linha editorial conservadora — condenou duramente a atitude do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao ameaçar o Brasil Intitulado “Coisa de mafiosos”, o texto critica a tentativa de interferência da Casa Branca em assuntos internos do Brasil e pede uma reação firme e soberana do governo e da sociedade brasileira: “Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump. E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha a democracia.”

 

Na noite de quarta-feira (9/07/2025), o governo Lula publicou uma nota oficial reagindo a ingerência e ameaça do governo Trump à Justiça brasileira e instituições nacionais, afirmando a soberania nacional:

Nota à Imprensa

Tendo em vista a manifestação pública do presidente norte-americano Donald Trump apresentada em uma rede social, na tarde desta quarta-feira (9), é importante ressaltar:

O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.

O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.

No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.

No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.

É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos.

Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.

A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo.

 

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Presidente da República

 

Fonte: GovBr, G1, DW, Brasil 247, Folha de São Paulo.

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