[Foto: Reprodução/Redes Sociais]
29/10/25 às 06:30 | Atualizado 30/10/25 às 07:14
As forças de segurança pública do Rio de Janeiro, sob as ordens do governador Cláudio Castro (PL), realizaram nesta terça-feira (28/10) a operação mais letal da história do estado, nos complexos do Alemão e da Penha, conjuntos de favelas na zona norte da capital fluminense. O número de mortos após a megaoperação policial é muito maior do que o informado inicialmente e oficialmente (64 mortos, incluindo quatro policiais). Um dia depois da chamada Operação Contenção, a Defensoria Pública da União (DPU), já contabilizava na manhã do dia 29/10, as mortes de 128 civis e quatro policiais, num total de 132 mortos.
A maior chacina policial do Rio de Janeiro era até então a do Jacarezinho, de 2021, em que 28 pessoas foram assassinadas. O novo recorde ocorre seis meses depois de ter sido encerrado o julgamento da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental 635, conhecida como “ADPF das Favelas”.
A matança ocorreu em meio ao cumprimento de 51 mandados de prisão contra suspeitos de tráfico de drogas que estariam nos complexos da Penha e do Alemão, todos eles ligados à facção criminosa Comando Vermelho (CV). Ao menos 81 pessoas foram presas, segundo a Polícia Civil fluminense.
A ação fez uso de 2,5 mil policiais, dois helicópteros, drones, 32 blindados terrestres e 12 veículos de demolição. Também participam a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil; a Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), do MPRJ; e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), unidade de elite da Polícia Militar (PMERJ).
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A comunidade internacional amanheceu estarrecida pelas notícias dos 64 mortos na Operação Contenção, ordenada pelo governador carioca Cláudio Castro (PL-RJ) no Rio de Janeiro. Jornais internacionais repercutiram o caso, e o braço de Direitos Humanos da Organização Nações Unidas (ONU Direitos Humanos) cobra investigações aprofundadas. A ONU Direitos Humanos destacou estar “horrorizada” com os 64 mortos no Rio de Janeiro, e reiterou às autoridades locais suas “obrigações sob o direito internacional dos direitos humanos”, além de cobrar por investigações do caso.
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Lideranças das favelas denunciam corpos achados em área de mata após confronto entre forças de segurança e o Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão. Moradores da região levaram ao menos 70 corpos de pessoas assassinadas pelas forças policiais do estado nas ruas, à Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, durante a madrugada desta quarta-feira (29). O ato é um aparente protesto contra a brutalidade policial e a violência de Estado, de acordo com a mídia. Testemunhas afirmam ao portal Metrópoles que alguns corpos apresentam marcas de tiros, perfurações por faca nas costas e ferimentos nas pernas.
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Raull Santiago, diretor-executivo do Instituto Papo Reto, morador do complexo do Alemão que ajudou na remoção dos corpos, relatou que, enquanto circulava pelo local na tarde desta terça, recebeu todo tipo de pedido de socorro: relatos de desaparecimentos, vizinhos que haviam sido baleados e até crianças em crise de pânico em função dos tiros.
“Em 36 anos de favela, passando por várias operações e chacinas, nunca vi nada parecido”, afirmou.
O caos afetou fortemente o transporte público. A Rio Ônibus informou que 71 coletivos foram tomados e 204 linhas paralisadas. Corredores de trafego importantes, como a Avenida Brasil, as linhas Amarela e Vermelha e as rodovias BR-101 e BR-040, chegaram a ser bloqueados. Em razão dos tiroteios da Operação policial, 48 unidades municipais de ensino foram impactadas, segundo a prefeitura do Rio. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) cancelou as aulas noturnas na capital e em Duque de Caixas nesta terça, medida também adotada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Fonte: Brasil 247, Ponte Jornalismo e Reivista Forum.














